Um assalto" aos bolsos foi como em Luanda se recebeu a notícia de nova subida dos preços do combustível, medida "súbita" que deverá encarecer ainda mais o custo de vida das famílias, segundo consumidores ouvidas pela Lusa.
Surpresos pelo aumento do preço do litro do gasóleo, que desde as primeiras horas de hoje passou a custar 400 kwanzas (0,37 euros), contra os anteriores 300 kwanzas (cerca de 0,28 euros), os habitantes de Luanda anteveem dias piores com os principais produtos e serviços a ficar mais caros.
Na ronda feita hoje pela Lusa, nas principais paragens e postos de abastecimento de combustível da capital angolana, automobilistas, taxistas, mototaxistas e vendedores ambulantes, reprovaram, na sua maioria, a medida e fizerem críticas às políticas do governo.
"Isto é um assalto aos nossos bolsos (...) [esta decisão] precisava de ser anunciada e quanto antes melhor, não é assim de repente, imagine quantas pessoas temos com táxi a gasóleo", desabafou Bernardo Cassoma.
À Lusa, enquanto abastecia a sua viatura no posto de abastecimento da Sonangalp, Avenida Comandante Gika, centro de Luanda, Cassoma, que faz serviço de táxi personalizado há cinco anos, considerou que o aumento do combustível vai "matar" os cidadãos.
"Ainda há pouco subiram as propinas das escolas e antes de pensar já entra uma outra! O que é que estão a fazer connosco? Querem nos matar, é simplesmente isso que tenho a dizer", afirmou, antevendo mais dificuldades para garantir "o pão" da sua família.
Faustino Lopes, automobilista de 50 anos, classificou o novo preço do litro do gasóleo uma medida que vai agravar a já difícil condição de vida dos angolanos, receando que os preços da corrida do táxi aumentem para o dobro.
Considerou, por isso, que vêm aí dias difíceis para os angolanos, sobretudo os que dependem dos táxis particulares para circularem de casa para o serviço e vice-versa.
"Pedimos aos nossos governantes para verem também a situação que o povo vive e como estão as condições, porque não estamos a ser ajudados em nada e com essa subida dia após dia. Está mesmo complicado", lamentou ainda Bernardo Cassoma.
À bordo da sua motorizada, Orlando Morais, mototaxista, manifestou-se surpreendido pela nova tarifa do combustível e defendeu que a decisão deveria ter sido antecedida de ações de concertação com taxistas e de mototaxistas, visando acautelar contestações.
"Essa situação pode criar manifestações, porque as coisas estão a subir de dia para noite, o combustível sobe e, então, é muito complicado", atirou.
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